terça-feira, 23 de março de 2010

COPASA DESCUMPRE CONTRATO EM MAIS UMA CIDADE E MORADORES SOFREM COM FALTA D'ÁGUA EM NINHEIRA

FOTO: Veja a situação do caminhão que presta serviço para Copasa

NINHEIRA – Em pleno século 21, a população desta cidade ainda recebe água através de caminhões-pipa. Absurdo? Claro que não. É uma vergonha! Ou melhor, um desrespeito, pois existe um contrato de concessão com a Copasa válido até o ano de 2030. No entanto, desde que foi assinado, apenas a população cumpri a sua parte, pois paga as contas enviadas mensalmente, com ou sem água na torneira. “Quando vem água, a minha conta é de 20 reais, quando não vem, a conta é de 45 reais, porque o ar acelera o relógio”, explica José da Rocha, Agente Comunitário de Saúde, morador da Avenida Irineu Mendes.Nossa reportagem esteve na cidade e a situação encontrada é de pura revolta, já que o problema vem se arrastando ao longo dos anos. A oposição política coloca a culpa na Prefeitura, que nada faz para resolver o problema. Já a situação condena a Copasa, que, por força de contrato, é obrigada a fornecer a água. No fogo cruzado está o povo, que não sabe mais pra quem reclamar.Um exemplo claro de revolta é o aposentado Lino Rocha Sobrinho, 69 anos, morador da Rua Gregório Morais. “Aqui, a gente sai procurando água igual um doido. E não tem ninguém pra resolver o problema. Não tem vereador, não tem prefeito. Ninguém faz nada”, desabafou o aposentado, dizendo que não recebia água na casa há 17 dias.O motorista Osmar Rocha, proprietário de um caminhão-pipa, contratado pela Prefeitura, explica que a situação é caótica, pois precisa buscar água em São João do Paraíso, percorrendo uma distância de 32 quilômetros. “Consigo dar apenas duas viagens por dia, pois atendo a zona rural, que é muito grande”, disse o motorista.A escassez de água atinge toda a cidade. O comércio de alimentos sofre mais ainda. “A situação é precária. Aqui não se paga pela água recebida, se paga pelo ar que vem nos canos. Em novembro, paguei uma conta de 156 reais, mas fiquei sem água mais da metade do mês”, afirma o comerciante Afonso Batista, da Padaria Erva Doce, declarado opositor ao prefeito Gilmar Ferraz. “O pior é que o caminhão da Copasa passa em frente e não abastece porque sou adversário político do prefeito. Eles colocam água apenas para os companheiros”, denuncia o comerciante, que construiu um reservatório de oito mil litros na calçada do comércio e paga um caminhão-pipa para encher.Mais triste ainda é a situação da balconista Nivia Bispo, moradora da Rua João Rocha Brandão, que até o dia 21 de dezembro somava 42 dias sem receber água na torneira. “O caso já virou brincadeira, pois ninguém faz nada para resolver o problema”, lamenta a balconista, contando que, por várias vezes, ela e seus dois filhos, dormiram sem tomar banho.Pipa – Para amenizar, a Copasa mantém o aluguel do caminhão-pipa de José Rocha Neto, que presta o serviço há 12 anos. Isso mesmo: 12 anos. Seu caminhão é velho e as mangueiras estão cheias de remendo, com isso, perde-se muito tempo emendando e amarrando. Ele conta que faz três viagens à São João do Paraíso por dia, sempre carregando 10 mil litros por viagem. “Para atender todos, teria que ter, no mínimo, quatro caminhões e o pessoal ainda ia chiar”, disse o popular Zé Rocha, explicando que começa a trabalhar às 06 da manhã e não tem hora para parar. Ele contou também que já apanhou no meio da rua. “Teve um dia que um cidadão ficou nervoso e mim agrediu. Tive que fazer uma ocorrência”, disse.

A versão dos políticos.

Nossa reportagem conversou com o prefeito Gilmar Ferraz e ele também demonstrou insatisfação com a Copasa. “A obrigação pelo fornecimento de água é exclusiva da Copasa, pois existe um contrato e ele precisa ser cumprido. A situação é realmente preocupante e a população tem toda razão em cobrar providências”, disse o prefeito.O popular vereador Netão, presidente da Câmara Municipal, disse que a situação é grave e a solução seria a captação de água no rio Pardo, que passa dentro do município. “Enquanto a Copasa não resolve o problema em definitivo, é preciso que se coloque, pelo menos, mais caminhões-pipa para amenizar a situação”, cobrou o vereador, que vem promovendo protestos através de faixas.Já para a vereadora da oposição, Janete Alves, falta vontade política e empenho do prefeito Gilmar Ferraz. “O prefeito é o responsável pela cidade e ele precisa tomar as medidas necessárias. Mas, ele simplesmente cruzou os braços e, sequer, leva o problema ao conhecimento do alto escalão da Copasa”, reclama a vereadora.

Um comentário:

  1. É muito bom divulgar a realidade da Copasa para os usuários do SAAE de Sete Lagoas,os problemas são iguais e a falta de comprometimento da Copasa pode ser pior que o SAAE.

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