Como publicado em matéria anterior neste blog, segundo fontes internas da alta cúpula do SAAE disse esta semana que a empresa ENORSUL está a um passo de ser contratada pelo SAAE. A empresa irá prestar serviços em setores de hidrômetro, fiscalização, corte de água e até leituras. Setores estes que envolve diretamente na arrecadação da Autarquia.
Veja matéria na íntegra do DIÁRIO do GRANDE ABC- SÃO PAULO março 2006
Rodrigo Cipriano
Do Diário do Grande abc
O Semasa( Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Sano André) pediu afastamento de dois funcionários da ENORSUL, empresa contratada pela Autarquia para prestar serviços de corte . Marcus Antonio Cintra e Edmar Antonio Ferreira estariam envolvidos num esquema de venda ilegal de serviços, que incluiria o recebimento de contas de consumo e a exclusão de dívidas Por débitos atrasados. Desde outubro, os dois teriam reunido uma clientela formada por 120 famílias, todas moradoras de um conjunto de prédios construídos pelo CDHU( Companhia de
Desenvolvimento Habitacional Urbano) no Jardim Santo André.
Os funcionários da terceirizada se apresentavam como representantes de uma empresa, a Moria Serviços e Manutenções. A negociação com os moradores tinha como foco principal a individualização dos hidrômetros dos prédios, para que cada apartamento pagasse apenas pelo volume de água que consumisse. Hoje é emitida uma única conta para todo o edifício e o valor é dividido de forma igual entre os apartamentos, sem levar em consideração o consumo real de cada morador.
A operação seria legal, dede que os funcionários não tivessem se comprometido, como parte do serviço, a quitar a dívida de contas de água atrasadas dos prédios. Para isso, os dois – explicaram os moradores – disseram que usariam seus “relacionamentos” junto ao Semasa. Seduzidos pela proposta, moradores de pelo menos três prédios do conjunto do CDHU do Jardim Santo André fecharam negócio com os funcionários da Enorsul que representaria a Moria Serviços e Manutenção.
Essa parte da negociação, no entanto, não está explicitada no contrato de prestação de serviços firmado entre a Moria e os moradores dos prédios da CDHU. Assim como também não é citada a cobrança que a empresa assumiu junto aos moradores das contas relativas ao consumo de água de cada apartamento. Pela individualização do hidrômetro foi cobrado o valor de R$ 252 de cada apartamento. A maioria dos valores saldou a conta em seis parcelas. A cada boleto, além do valor do hidrômetro, também era acrescida a conta relativa ao consumo de água do mês. O problema é que os valores, que teriam começado a ser cobrados em outubro, não foram repassados para o Semasa.
Consultado pelo Diário, o Semasa afirmou, em nota oficial, que somadas, as dívidas por inadimplência dos blocos 23, 43 e 44 – onde o serviço foi prestado – chegam a R$ 13.814,41, relativos ao período entre junho de 2005 e fevereiro deste ano.
“Nossa dívida, ao invés de diminuir, aumentou ainda mais”, afirmou indignada a dona-de-casa Juraci Falcão, 56 anos, uma das moradoras do bloco 43. A moradora Maria Teresa de Matos, 57 anos, também estava inconformada com a situação. “A gente já passa por tanta dificuldade e ainda fazem uma coisa dessas.” Se a clientela se resumir apenas aos três blocos do CDHU, os funcionários da Enorsul podem ter faturado uma bolada que supera os R$ 33 mil, levando em consideração somente a instalação dos hidrômetros e excluindo o pagamento das feitas pelos moradores.
O Diário procurou os funcionários da Enorsul no endereço que estava indicado no cartão de visitas que eles distribuíram aos moradores dos prédios do CDHU, mas não encontrou ninguém. O local é um sobrado na zona Leste de São Paulo e não possui indicativos de que seja a sede de uma empresa. Marcus Cintra, um dos funcionários da Enorsul que prestariam serviços à Moria, também foi procurado por telefone, mas não retornou aos recados deixados pela reportagem.
A Enorsul também foi procurado pelo Diário entre sexta-feira e domingo, mas um funcionário que se identificou apenas como Eric, que seria o responsável pelas operações da empresa no Grande ABC, afirmou que só se pronuncia após discutir o caso com a diretoria do grupo. Após esse contato, ele não atendeu mais as ligações de reportagem. Há cinco anos a Enorul presta serviços para o Semasa fazendo o corte de água em Santo André. O grupo atua com exclusividade no setor dentro da cidade e em janeiro do ano passado teve seu contrato prorrogado após vencer a licitação pública aberta pela autarquia. Na ocasião, a empresa trocou seu nome de Oito Tempo para Enorsul.
Em nota oficial, o Semasa diz que notificou a empresa na tarde da última sexta-feira e solicitou esclarecimentos num prazo de cinco dias. O Semasa afirmou que já havia sido informado do esquema por denúncias realizadas ao seu serviço de atendimento ao consumidor, mas que desconhecia o envolvimento dos funcionários da Enorsul no caso.